Pesquisadores da Unaerp adaptam teste para identificar metanol em bebidas adulteradas
11/10/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisadores em Ribeirão Preto adaptam método para identificar metanol
Um teste desenvolvido na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) em 2023 pode ajudar a identificar a presença de metanol em bebidas adulteradas.
A metodologia, criada pela pesquisadora Cristina Paschoalato para detectar o composto no etanol combustível, foi adaptada para o uso em bebidas alcoólicas e permite uma análise rápida, simples e de baixo custo.
O kit utiliza um método colorimétrico com o reagente de Schiff, usado para identificar a presença de aldeídos e capaz de indicar concentrações de metanol.
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Segundo Márcia Maísa de Freitas Afonso, professora do curso de Engenharia Química da Unaerp, o procedimento pode ser um importante aliado no combate à adulteração de bebidas e à venda ilegal de produtos tóxicos.
"O reagente já é um reagente que existe, a gente simplesmente desenvolveu uma metodologia utilizando um espectro para fazer essa análise da quantidade de metanol presente no etanol".
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O método é feito em três etapas. Na primeira, é realizada a oxidação da amostra, com a adição de 1 ml de permanganato de potássio - um agente usado na oxidação.
Em seguida, o ácido oxálico é utilizado para retirar a coloração roxa gerada na fase inicial. Na última etapa, entra em ação o reagente de Schiff, responsável por reagir com o formaldeído, produto da oxidação do metanol.
“O reagente de Schiff é feito com três componentes principais: ácido sulfúrico, metabissulfito e fucsina. Ele ganha cor quando ele tem uma reação intramolecular com o formaldeído”, explica Felipe Alexandre Gonçalves, aluno de engenharia química.
Após o teste, o liquido recebe a coloração roxa
Reprodução/EPTV
Método eficaz em líquidos incolores
Em bebidas adulteradas, o processo leva cerca de 30 minutos para indicar o resultado.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Márcia disse que o método é eficaz especialmente em líquidos incolores, como cachaça ou vodka.
"A metodologia, a princípio, visava o uso em etanol, que é incolor. Então, com bebidas que possuem cor, tipo uísque e gin, não temos um estudo aqui para afirmar que daria certo. Agora, se forem bebidas incolores, a gente consegue identificar".
O teste utiliza o método colorimétrico e é feito em três etapas
Reprodução: EPTV
Risco à saúde e casos recentes
O metanol é altamente tóxico e, mesmo em pequenas quantidades, pode causar danos ao fígado, ao cérebro e ao sistema nervoso, além de cegueira e até a morte.
Em São Paulo, 25 casos de intoxicação por metanol já foram confirmados neste ano e outros 160 estão sob investigação. Na região de Ribeirão Preto, uma morte em Cajuru (SP) está sendo investigada.
A Polícia Civil também intensificou as fiscalizações. Em Jaboticabal (SP), mais de mil garrafas foram apreendidas em uma adega e em um supermercado.
Outras 162 garrafas falsificadas foram encontradas em uma operação na Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), em Dobrada (SP).
Em Ribeirão Preto, o Hospital das Clínicas contribuiu com análise dos casos de intoxicação e recebeu recentemente duas mil ampolas de etanol absoluto, que funciona como antídoto para o metanol.
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