Com 'supertato', estudante surdocego faz cursos de massoterapia em Libras tátil no interior de SP

  • 11/10/2025
(Foto: Reprodução)
Com 'supertato', estudante surdocego de 48 anos faz curso com aulas em Libras tátil As mãos de Renato Principessa da Costa, de 48 anos, encontram-se diariamente com as da guia-intérprete Flávia Marcela Lima, de 37, em uma sala de aula de Piracicaba (SP), durante o curso técnico de massoterapia. No entanto, não são toques de massagens, trata-se de uma conversa. O estudante é surdocego e se comunica por meio de língua de sinais tátil, adaptação da Língua Brasileira de Sinais (Libras) utilizada por pessoas que têm perda parcial ou total de visão e audição. Funciona assim: a guia-intérprete traduz a fala dos professores e colegas em libras sob a palma da mão de Renato, e ele entende com o tato, que é mais apurado. “É uma atividade que tenho contato com pessoas e me dedico com o tato. Tinha medo de me dedicar a um trabalho formal e acabar colocando a minha vida em risco por não enxergar e escutar”, afirma Renato. Renato e Flávia durante aula no Senac de Piracicaba Yasmin Moscoski/g1 Renato é surdo desde o nascimento. Aprendeu a se comunicar por libras ainda na infância, com apoio do pai. Mudou-se de Osasco (SP) para Piracicaba (SP), há cerca de 10 anos, após falecimento do pai. Passou a morar com a tia e, de dois anos para cá, perdeu 98% da visão em razão de uma doença rara, a retinose pigmentar. ✅ Siga o g1 Piracicaba no Instagram No entanto, não deixou de estudar. Pelo contrário. Faz do estudo uma motivação para se manter ativo. Conheceu o Senac por acaso, ao descobrir que a instituição ficava perto dos locais que frequentava. O centro de estudos, que conta com outros alunos com deficiência, dispõe de estrutura acessível, como pisos táteis, banheiros adaptados, materiais em braile, suporte pedagógico e a disponibilidade de guia-intérprete. Esses serviços facilitaram a inclusão de Renato, informou o estudante. De 2022 para cá, Renato fez cinco cursos livres: massagem relaxante, massagem expressa, massagem simples, aromaterapia e shiatsu, técnica de massagem terapêutica. Há dois meses, iniciou o curso técnico em massoterapia. Renato, aluno do curso técnico em massoterapia no Senac de Piracicaba Yasmin Moscoski/g1 Estudo Flávia informou que uma das maiores dificuldades dela, enquanto guia-intérprete, é comunicar sobre termos técnicos e científicos específicos do curso por meio de libras tátil. “A gente tem adaptado o curso para ele, porque tem muita teoria e ele entende mais na prática [...] e tem muitos termos que não existem e precisamos criar sinais para comunicar sobre eles”, informa a guia-intérprete. No entanto, as bagagens de cursos anteriores de Renato facilitam o processo. Além disso, aulas práticas ou com materiais em 3D, como o boneco de anatomia, facilitam os estudos de Renato. Em casa, ele realiza desenhos em relevo com barbante, fita adesiva, papel e lupa — veja abaixo um exemplo sobre a aula de sistema circulatório. Desenho em relevo feito por Renato Arquivo pessoal Aplicação O estudante aplica as técnicas de massoterapia durante atendimentos pontuais, e com o auxílio da tia, em eventos realizados pela Associação de Surdos de Piracicaba (Assupira). Ele mede a quantidade de gotas de óleo e outros itens utilizados na massagem com o tato, que é mais apurado por conta da perda da visão e audição. No entanto, não faz disso a fonte de renda, mas um modo de manter-se ativo, afirmou. Aula de massoterapia no Senac de Piracicaba (SP) Yasmin Moscoski/g1 Surdocegos em Piracicaba A prefeitura de Piracicaba não tem dados de quantas pessoas surdocegas residem na cidade. Já a Associação de Surdos de Piracicaba (Assupira) informou que uma pessoa não precisa ser totalmente cega e surda para ser considerada uma pessoa surdocega e que há dificuldade em levantar esse cenário. “É um desafio para a área desmistificar essa condição e criar mecanismos de pesquisa para identificação dessas pessoas. Muitas vezes são identificadas como pessoa com deficiência múltipla e ainda hoje percebemos que existem pessoas cegas com alguma deficiência auditiva ou pessoas surdas com alguma deficiência visual que não se identificam como pessoas surdocegas”, afirma a Assupira. Segundo a Assupira, o principal desafio da entidade tem sido a falta de guia-intérpretes para acompanhar os participantes nas atividades. 3° Assupira & Empreendedorismo em Piracicaba Diego Soares/Assupira VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/10/11/com-supertato-estudante-surdocego-faz-cursos-de-massoterapia-em-libras-tatil-no-interior-de-sp.ghtml


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