Brinquedos têm substâncias tóxicas até 15 vezes acima do limite, diz estudo da USP e Unifal

  • 11/10/2025
(Foto: Reprodução)
Pesquisa alerta para presença de substâncias tóxicas em brinquedos plásticos Brinquedos plásticos apresentaram níveis além do permitido de substâncias tóxicas, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP), em parceria com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Os resultados mostram que grande parte dos brinquedos não segue as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da União Europeia. Em quase metade das amostras (44,3%), a concentração de substâncias tóxicas ultrapassou o limite permitido. Em alguns casos, com índices até 15 vezes superiores ao valor regulamentar. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp A exposição a esses compostos pode causar problemas cardíacos, neurológicos e gastrointestinais em crianças. O estudo, publicado na revista científica Exposure and Health, analisou 70 produtos nacionais e importados — muitos comprados em lojas populares e shoppings — e é o mais abrangente já feito no país sobre contaminação química em brinquedos infantis. Para representar diferentes perfis de consumo, os pesquisadores adquiriram brinquedos em comércios de rua, lojas populares e shopping centers. Os produtos eram destinados a crianças de 0 a 12 anos, com foco em peças de tamanho e formato que facilitam o contato com a boca, comportamento comum na infância e que aumenta o risco de exposição a metais pesados. A identificação dos elementos foi feita com espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), técnica capaz de detectar metais e não metais em concentrações muito baixas. Também foram aplicados testes de digestão ácida assistida por micro-ondas, que simulam o contato dos brinquedos com a saliva e o suco gástrico das crianças. No total, foram identificados 21 elementos com potencial tóxico, como arsênio, cádmio, mercúrio, níquel, chumbo e urânio. Segundo os pesquisadores, a liberação das substâncias varia conforme o tipo de material e o tempo em que a criança mantém o brinquedo na boca. Criança montando peças de brinquedo, em imagem de arquivo Unsplash Riscos à saúde e orientações a pais e responsáveis Ivan Savioli Ferraz, pediatra e professor da Faculdade de Medicina da USP, alerta que é impossível impedir totalmente que a criança leve o brinquedo à boca, mas ressalta a importância da escolha segura. “A pesquisa mostrou que há liberação de vários componentes, especialmente chumbo, mercúrio e cádmio. Todos podem causar sintomas neurológicos. A intoxicação pode ser aguda, com efeitos em poucos dias, ou crônica, se manifestando lentamente e afetando o desenvolvimento cognitivo, o desenvolvimento da criança na escola, por exemplo”, explica. LEIA TAMBÉM Laboratório inédito recém-lançado pela USP estimula sentidos para melhorar bem-estar de idosos; conheça Descoberta de proteína ligada ao tecido ósseo abre caminho para prevenir e tratar osteoporose, diz USP De acordo com o médico, os pais devem verificar sempre o selo do Inmetro, evitar compras pela internet e checar se o produto não possui peças pequenas ou baterias acessíveis, que podem ser engolidas. “A fase oral vai até os dois anos, mas brinquedos com peças pequenas não devem ser oferecidos a crianças menores de seis. Se o orçamento estiver apertado, é melhor escolher um brinquedo mais simples, mas que seja seguro”, reforça Ferraz. Além de identificar os riscos à saúde, o estudo também ajudou a mapear a cadeia de produção dos brinquedos e possíveis fontes de contaminação durante a fabricação. Os pesquisadores defendem que os resultados sirvam de base para revisar normas e fortalecer a fiscalização, garantindo que produtos infantis vendidos no país sejam seguros para o uso das crianças. *Sob supervisão de Helio Carvalho Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/10/11/brinquedos-tem-substancias-toxicas-ate-15-vezes-acima-do-limite-diz-estudo-da-usp-e-unifal.ghtml


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