Após 2 meses afastado, prefeito de São Bernardo alvo da PF tem 1° dia oficial de trabalho
13/10/2025
(Foto: Reprodução) Marcelo Lima (Podemos) volta à Prefeitura de São Bernardo é recebido pela vice, Jéssica Cormick (Avante).
Reprodução/TV Globo
Reconduzido ao cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de quase dois meses de afastamento judicial, o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (Podemos), tem nesta segunda-feira (13) o primeiro dia oficial de trabalho.
Segundo a Prefeitura de São Bernardo, estão previstas apenas agendas internas. Lima volta a despachar na véspera do aniversário de dois meses da Operação Estafeta, da Polícia Federal, que aconteceu em 14 de agosto.
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A investigação dos federais apontou que ele era o principal beneficiado de um esquema de corrução que desviava recursos de contratos de empresas com o município para benefício pessoal do prefeito.
Segundo a PF, o esquema era comandado pelo ex-servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Paulo Iran, que está foragido. Na casa de Iran, a Polícia Federal encontrou quase R$ 14 milhões em dinheiro vivo e várias anotações com o nome dos beneficiários do esquema. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.
Na época da operação, o Tribunal de Justiça de SP (TJ-SP) determinou que Lima ficasse um ano afastado do cargo de prefeito, impondo a ele o uso de tornozeleira eletrônica.
Paulo Iran é acusado pela PF de ser operador do esquema que afastou o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima
Montagem/g1/Reprodução/TV Globo/Câmara dos Deputados
Ele ficou quase dois meses afastado da prefeitura, mas na sexta-feira (10) foi favorecido por uma decisão do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, do STJ, que considerou o afastamento de um ano “desproporcional” e que não havia "mais risco para as investigações em andamento”.
Ao determinar a volta de Marcelo Lima ao cargo, o ministro considerou um parecer da procuradoria federal Lindôra Maria de Araújo, que ponderou que “a gravidade abstrata dos fatos pretéritos não é suficiente para sustentar uma restrição que, de forma prolongada, substitui a vontade do eleitorado e vulnera o princípio democrático”.
“A ausência de elementos contemporâneos que demonstrem o perigo da permanência do paciente no cargo impõe, por corolário da proporcionalidade, a imediata revogação desta medida”, disse Lindôra de Araújo.
Marcelo Lima (Podemos) volta ao cargo depois de uma decisão do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, do STJ
Montagem/g1/Reprodução/CNJ e STJ.
A decisão atendeu a um pedido de habeas corpus da defesa do prefeito. Nela, o ministro Soares da Fonseca afirmou que manter Lima fora do cargo por um ano “criou uma espécie de cassação judicial temporária do mandato eletivo”, sem condenação e sem base legal.
"A medida já não se mostra necessária nem proporcional, diante do esgotamento das diligências investigativas, da ausência de risco concreto à instrução processual e da vigência de outras cautelares menos gravosas, plenamente aptas a assegurar a regularidade do processo penal", disse o ministro.
O Ministério Público de SP (MP-SP) informou que analisa a possibilidade de recurso contra a decisão do STJ.
Marcelo Lima (Podemos) voltou ao cargo de prefeito na sexta (10) e foi recebido pela vice, Jéssica Cormick
Reprodução/TV Globo
Marcelo Lima retornou à Prefeitura de São Bernardo na noite de sexta-feira (10) e foi recebido pela vice-prefeita que estava em exercício, Jessica Cormick (Avante).
A auditoria nos contratos determinada e prometida pela até então prefeita em exercício ainda está em fase de finalização.
A decisão não se estende ao primo do prefeito e vereador Danilo Lima Ramos (Podemos), que segue afastado do cargo de presidente da Câmara Municipal de São Bernardo.
O esquema em São Bernardo
Prefeito de São Bernardo é afastado do cargo após operação da PF sobre esquema de corrupçã
A investigação da Polícia Federal começou após a polícia encontrar em julho cerca de R$ 14 milhões (considerando uma parte em dólar) com o servidor Paulo Iran, apontado como o operador financeiro do prefeito.
Na época, ele não chegou a ser preso, mas os agentes se debruçaram na análise do celular dele e descobriram uma relação muito próxima e direta com o prefeito da cidade.
Segundo a polícia, o servidor pagava contas do prefeito, da esposa e da filha dele.
A PF afirma ainda haver indícios de corrupção e pagamento de propina em contratos com empresas nas áreas de obras, saúde e manutenção. Cerca de R$ 1,9 milhão em dinheiro vivo foi apreendido.
Na época, a polícia chegou a requerer a prisão de Lima, mas a Justiça negou o pedido. No entanto, determinou o afastamento dele do cargo e o uso de tornozeleira eletrônica, que foi colocada logo após as buscas na casa dele. Ele também foi proibido de sair de casa à noite e nos finais de semanas, de ter contato com os demais investigados e de sair da cidade sem autorização judicial.
A tornozeleira eletrônica foi removida em 16 de setembro, em decisão do próprio desembargador que mandou colocar o acessório.
Com o afastamento do prefeito, quem assumiu o comando da cidade é a vice-prefeita, Jessica Cormick, do Avante. Aos 38 anos, ela é sargento da Polícia Militar e está no seu primeiro cargo público eletivo.
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O prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, e o presidente da Câmara da cidade, Danilo Lima: primos afastados do cargo pela Justiça.
Reprodução/Instagram